Esta terá sido a minha última prova vertical de 2024 (o ano ainda não acabou, mas não tenho mais nenhuma em agenda…), uma prova não muito extensa mas interessante, dedicada a uma casa não muito famosa mas muito interessante: Château Pontet-Canet.
Da famosa classificação de 1855 dos Grands Crus Classés de Bordéus, esta casa está “apenas” no quinto nível da classificação, longe dos primeiros crus onde estão os nomes mais célebres. Contudo, e embora esta classificação continue a ter muita influência, algumas casas percorrem o seu caminho e encontrar notoriedade e reconhecimento de outras formas.
Pontet-Canet localiza-se em Pauillac, uma das famosas denominações de Bordéus, na margem esquerda do rio Gironde, onde se encontram casas como Château Lafite-Rothschild, Château Latour ou Château Mouton Rothschild, ou seja, três dos cinco Primeiros Grand Cru da região, mas não é só por isso que é reconhecida.
Uma casa que iniciou em 2004 a conversão das suas vinhas para o regime biodinâmico, algo invulgar na região ainda hoje, estando certificados desde 2010, tendo sido o primeiro Chateâu da região a conseguir ter certificação biológico e biodinâmico.
É um dos produtores que já tive oportunidade de visitar no passado, e que pude agora revisitar através de uma (mini) prova vertical da qual partilho aqui algumas notas de prova.
2003
Um ano muito quente e seco.
Aroma predominantemente terciário, notas de couro, barro, cânfora, um leve toque especiado, noz moscada, e balsâmico. Já muito macio, sente-se o calor do ano, mas sem excessos de álcool. Muito seco, tem um traço vegetal do início ao fim, muito persistente, tem acidez presente. Nota: 18
2006
Ainda fechado no aroma, muito menos expressivo, ainda com alguma sensação de fruta, mas sobretudo telúrico, nota fresca balsâmica. Mais estruturado, tanino mais firme, mas muito polido, sedoso. mais equilibrado que 04, muito persistente, muito seco, a nota vegetal muito delicada, muito equilibrado na frescura. Nota: 18,5
2014
Pouco expressivo, nota vegetal fresca do Cabernet Sauvignon, alguma especiaria e fumo, nota terrosa, cogumelo. Um ano mais magro, um perfil mais fino, tanino ainda muito presente, sente-se a força alcoólica, alguma madeira no final de boca, boa persistência. Nota: 17,5
2016
Naturalmente o mais primário, mas pouco expressivo no aroma, delicado na fruta, nota terrosa. Concentração, intensidade, persistência, mas com noção de elegância, sem extração excessiva. Madeira ainda presente, sente-se a força alcoólica mas bem integrada, leve nota vegetal no final de boca, grande vinho. Nota: 19